quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Kubo e as Cordas Mágicas | CRÍTICA


A cada filme lançado, a Laika tem consolidado sua reputação quando se trata de animações em stop-motion sem perder sua qualidade narrativa em pouco mais de dez anos de atividade, além de chamar a atenção por apresentar uma identidade própria desde seu melancólico Coraline, balanceando bem o uso da computação gráfica com a centenária técnica que fascina ontem, hoje e amanhã. Superando limites, o estúdio alcança em Kubo e as Cordas Mágicas o resultado de uma história vibrante, épica e espirituosa.


No que se entende ser um Japão feudal, Kubo é um nato contador de histórias do vilarejo onde costuma fazer fantásticas apresentações diárias com seu instrumento de três cordas. A cada nota soada freneticamente por seus dedos, folhas de papéis tomam vida e se dobram formando os mais diversos origamis representando os personagens e criaturas dos contos que tanto entretêm os populares ali. Afora isso, a rotina do garoto consiste em voltar para casa (lê-se: uma caverna) sempre antes do por-do-sol para cuidar de sua definhante mãe, que parece apenas poupar energias para manter o filho a salvo das forças malignas que perambulam pela noite, afinal, é o momento em que as Irmãs saem para caçar os fugitivos do tirano Rei da Lua (dublado originalmente por Ralph Fiennes).



Dirigido por Travis Knight e com o roteiro assinado por Marc Haimes (da série inédita Trollhunterse Chris Butler (ParaNorman), Kubo e as Cordas Mágicas já avisa de antemão aos seus espectadores para que prestem atenção a todos os detalhes vistos e ouvidos em sua prosa, minuciosidades que servirão como pistas para a súbita jornada pela Finisterra atrás de três poderosos artefatos que manterão o garoto a salvo das garras do avô. Uma aventura que, além do prometido amadurecimento de Kubo como herói, reserva momentos tantos de alegria como de perigo com a companhia da Macaca (Charlize Theron) e do Besouro (Matthew McConaughey) pelos mais diversos ecossistemas que a Laika consegue representar tão bem em uma experiência tátil, assim como boas revelações, que apesar de previsíveis, não deixam de emocionar.

Quando os teóricos afirmam que classificar um filme apenas como "animação" pode parecer um termo vago, isso fica mais do que evidente em Kubo, ainda mais que sua narrativa é rica em passagens vistas nos gêneros consagrados. Das divertidas sequências do seu show de origamis na vila e o resgate da Espada Inquebrável entre tantas outras encravadas em uma caveira gigante (a título de curiosidade, foi o maior boneco já construído para um stop-motion), ou do tenso combate em alto-mar com uma das Irmãs, a produção da Laika se equilibra harmoniosamente entre a comédia, o épico e o drama, ainda mais quando a relação familiar do personagem vem à tona e é o que, de fato, motiva o garoto a prosseguir mesmo quando a perda de um ente querido dá entender que não há mais esperanças. Pelo contrário.



Apesar de colocar o Rei da Lua para confrontar o protagonista sem ao menos explorar a fundo a vilania do personagem durante os atos anteriores, além de ficar prometendo apresentar mais sobre a magia em questão e até mesmo os antigos costumes nipônicos, ainda assim, pode-se dizer que Kubo e As Cordas Mágicas (Kubo And The Two Strings) é uma das animações mais emocionantes de 2016. Não só porque o seu valor de produção e sua técnica são impressionantes aos olhos, mas por sua singela mensagem ao lembrar que, logo quando buscamos inspiração em figuras meramente fictícias, nossas mães e pais sempre estarão lá como heróis nos momentos que mais precisamos de apoio, seja ele físico ou espiritual.




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