quarta-feira, 11 de março de 2015

Golpe Duplo | CRÍTICA


Filmes de roubos são, no mínimo, controversos, ainda que nos proporcione um considerável divertimento. Ficamos aliviados por não sermos os furtados e às vezes nos surpreendemos com a engenhosidade dos planos dos anti-heróis, que precisam ser carismáticos para assegurar nossa confiança neles. Munidos desses aspectos, Will Smith e Margot Robbie seguram Golpe Duplo (Focus).

Escrito e dirigido por Glenn Ficarra e John Requa, a trama que coloca Smith como um batedor de carteiras profissional se passa em duas cidades, New Orleans e Buenos Aires. É ainda nos Estados Unidos quando Nick (Smith) se rende ao charme de Jess (Robbie) e descobre que a moça é golpista que lhe pede ensiná-la a "arte" dos furtos, levando-os então a um jogo de futebol americano em New Orleans, uma ótima oportunidade de faturar com as batidas.

Despertando, paralelamente, uma paixão por Nick, é chegada a hora de Jess mostrar que é mais do que uma moça atraente. Seu primeiro assalto nas ruas é tão cheio de sutilezas que chega a ser bem divertido acompanhar cada furto, a maioria deles bem inventivos (depois dessa, é melhor cuidar com pessoas andando nas ruas segurando hashi), surpreendendo o parceiro e até mesmo Farhad (Adrian Martinez), o chefão e besteirento amigo de Nick que proporciona boas risadas e senão a maior dose do alívio cômico do filme, ainda que suas piadas possam ser vistas como grosseiras e até preconceituosas  – para quem está levando tudo aquilo a sério.



Mas o melhor momento dessa primeira metade vem dias depois, durante a partida do jogo, com Nick portando uma maleta com todos os lucros da (nada pequena) equipe durante a temporada em New Orleans e decidindo arriscar toda a grana em apostas com o afiado Liyuan (BD Wong). Se 'Sympathy For The Devildos Rolling Stones parecia apenas fazer parte da boa seleção de músicas da trilha sonora, impressionante é a inesperada reviravolta que o uso da música tem durante a cena.

Se até aí tudo parecia interessante, a segunda metade de Golpe Duplo vira uma grande redundância. Mesmo com as belas locações escolhidas em Buenos Aires, com Nick trabalhando para um magnata de corridas automobilísticas, Garriga (Rodrigo Santoro), os incidentes começa a ser cansativos, ainda mais quando se trata do triângulo amoroso formado ali. O novo golpe parece interessante, mas o roteiro prefere focar no romance, deixando muita coisa pra revelar no final.



Embora torne a personagem mais como um objeto sexual, o filme valoriza a todo instante a beleza de Margot Robbie, mas se prejudica pelo excesso de explicações, subestimando seu espectador que já estava treinado nas sutilezas de seus detalhes.




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